sexta-feira, 11 de outubro de 2013

As fronteiras e a música

Criação, produção, reflexão. A ideia da música no FAN 2013 é não separar (nem ordenar) os três, de forma que possamos transitar livremente pelas expressões, estejam elas no estágio que for. É isso o que mostram os quatro espetáculos absolutamente inéditos construídos para o festival, sempre em perspectiva de possibilidades futuras. Assim, não queremos que o FAN dê continuidade a uma relação distante entre um espetáculo pronto e o público: todos serão parte ou testemunha do que está sendo visto e elaborado pela primeira vez, naquele exato momento.

As barreiras fronteiriças de espaço são quebradas, reforçando o conceito universal da arte. Artistas são convidados a entrar em diálogo com novos pares, de forma coletiva, em lugar de reproduzir o que executam em seus espaços próprios de criação e vivência. Músicos de Belo Horizonte entrarão em contato com artistas de Gana ou Angola, por exemplo, assim como eles também terão a oportunidade de conhecer os artistas daqui.

Por meio da atuação em várias vertentes, o festival levanta questões a todo momento: de que forma tantos músicos, artes e linguagens interferem em nossa criação? A arte negra se restringe à arte que é realizada por pessoas de pele negra ou vai além disso? Por que as mulheres ainda não assumem suas carreiras, a ponto de não depender tanto dos homens na música? Será que devemos carregar o peso das vivências de nossos antepassados ou encontrar formas de contar essas histórias?

Sem correntes, valorizando a ancestralidade africana, priorizando o intercâmbio de ideias, experiências e linguagens, seguimos em frente, em busca de uma musicalidade que seja relevante e impactante para Belo Horizonte e para o mundo. Aweto!


(post escrito a partir de um papo delicioso com Sérgio Pererê, coordenador das ações da Música, no FAN-2013)

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