Ocupar é definitivamente uma das
principais características do FAN, desde o seu princípio. Por se tratar de uma
mobilização de expressões de matrizes africanas, pode-se enxergar as questões
sem se limitar a áreas espaciais. São as ruas sendo ocupadas como cena, pela
cena, a partir da cena, através da cena. Apropriação essa, voltada não apenas
para afrodescendentes, mas também por toda a população, de todas as cores, cenas,
subjetividades.
O FAN, desde a
sua inauguração, levanta questões para (e com) a cidade, no que diz respeito à
identidade. Quando temos a oportunidade de focar em um ponto específico e
crucial como este, ou seja, a relação da descendência de matriz africana no
Brasil, conhecemos nossa própria história. A partir daí, temos condição de nos apropriarmos
com mais consistência de todos os espaços: sejam externos, sejam internos.
Mas, afinal, estamos a falar das “Artes
Cênicas” ou das “Artes da Cena”? O FAN 2013 entende que a segunda nomenclatura
é mais justa, quando propomos um olhar que veja a especificidade de cada
expressão como a dança, teatro ou ópera, por exemplo. Além disso, podemos
finalmente abrir espaço para as novas criações, como aconteceu com a performance.
A partir daí também é possível entender
a cena em um sentido mais amplo, em que a não definição não se refere apenas ao
espaço físico, mas ainda, ao lugar onde se dá a atuação.
A troca nas artes da cena também
pressupõe um momento de generosidade entre o artista e o público. Assim,
torna-se possível perceber os espectadores como elemento essencial da cena. Daí
os artistas trabalharem tanto, a ponto de entrarem em um estado de atuação para
que se concretize uma interação efetiva. O interessante é que quanto mais esse
estado é explorado, pesquisado, investigado, mais possibilidades de criação
podem surgir, fazendo com que a cena seja um lugar cada vez mais diversificado.
(post escrito a partir de uma conversa renovadora com Rui Moreira, coordenador
das Artes da Cena do FAN 2013)